Alice
andava triste, cheias de lembranças que insistiam em minar-lhe o coração,
resolveu, então, para o namorado, escrever um recado...
“Eu poderia ficar calada e fingir
que não me importei com o que você fez de madrugada.
Acordar-me gritando, batendo nas
paredes, dizendo que eu não me importava. Sinceramente, isso não é coisa que se
faça. Sua atitude deixou-me muito magoada.
Não sei por que volte e meia você
tem esses ataques. Seria simples vontade de me deixar assustada ou apenas uma ira
descontrolada?
Não seria mais fácil conversar,
chegar perto e falar... Creio que seria muito melhor do que esperar o tempo
passar – um certo pensamento te controlar – até que uma gota a mais o faça
transbordar. Pois uma hora, pode ser que ela acabe por nos sufocar.
Eu, se é que me permite, gostaria
apenas de lhe alertar, que dessa forma esse amor, outrora tão lindo, não irá
suportar.
Se você quisesse, eu te escutaria,
tentaria sempre melhorar. Mas, por favor, não pense que eu vá adivinhar. Minha
bola de cristal está quebrada, e não sou eu, quem vai tentar consertá-la.
Desculpe-me pelo desabafo, mas
acontece que eu cresci, e já não me sinto mais culpada pelas coisas que não
fiz”.
Depois
de passar, toda angustia, para o papel, Alice se sentiu aliviada.
Mas,
a carta, provavelmente, a Eduardo, ela nunca irá entregar.
E,
todo esse sentimento, apenas para si, Alice, irá guardar.
Por Lívia Antunes.
* Semana de Combate à Violência Contra a Mulher – De 25/11 a
03/12 – Participe!