
E, preocupada, pesquisando na internet sobre o exame, os
sintomas e as possíveis causas, eu me deparei com um blog, chamado “Esclerose
Múltipla e Eu”, onde a autora – Bruna – posta textos contanto o dia-a-dia dela
e usando a página como uma espécie de diário.
A Bruna descobriu a EM ainda quando menina, com 14 anos
de idade, e nos 12 que se seguiram, aprendeu a conviver com ela, e melhor,
aprendeu a viver sem se sentir doente.
Hoje ao pegar o resultado, e descartar essa possibilidade
eu agradeci a Deus e pensei...
“Pois é, agora a vida continua, tal como ela é”.
Mas, durante os três dias em que estive na expectativa,
fiquei imaginando como seria a minha vida com a EM e também no que eu gostaria
de fazer enquanto ela não se alastrasse.
E o curioso é que, com certeza, eu abriria mão da vida
que levo hoje (não de tudo, é claro!).
Mas faria o possível para viver de uma forma mais leve.
Optaria por comprar um apartamento na cidade em que eu
amo, ficaria mais tempo em casa com as crianças, deixaria o trabalho que hoje
eu possuo. Viveria de escrever! Conheceria Paris...
O fato é que a sensação que eu tive, foi de que, mesmo
com a doença, eu seria mais feliz...
Pois eu aprenderia a buscar, nos detalhes, a alegria do
dia-a-dia – assim como Bruna – que em uma das páginas de seu “diário”, nos
conta que o maior momento de felicidade dela, até hoje, foi quando, depois de
um surto que paralisou todo o seu corpo, ela conseguiu colocar sozinha uma
colher se sopa à boca. E, como ela mesma diz, “passou a dar valor até para um
degrau que subia”, ou seja, para as coisas simples do dia-a-dia.
E, sabe, ao ler as palavras dela, eu também passei a dar
mais importância para as pequenas coisas, pois percebi que elas são capazes de
transformar as nossas vidas. Podendo melhorá-las ou não. Dependendo, tão
somente, da forma que a gente as encara.
À Bruna, quero agradecer pelo carinho, aconchego e
principalmente pela atitude! Gestos, como o dela, fazem toda a diferença.
Quanto a mim, embora, eu não tenha descoberto, ainda, o
que anda tirando o meu sono (há quem diga que é tudo psicológico), vou seguir
agora o meu caminho de uma forma mais tranquila. Afinal, a vida não nos dá
garantias. E o presente é o melhor momento para vivermos e realizarmos nossos
sonhos.
(Lívia Antunes)
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